domingo, 11 de setembro de 2011

O DESENHO INFANTIL COMO INSTRUMENTO DIAGNÓSTICO

O desenho enquanto instrumento avaliativo é utilizado como perspectiva de traspassar a barreira da visão aparente para enxergar aspectos que apontem certas necessidades do indivíduo. Uma análise mesmo que superficial sobre a utilização do desenho como instrumento clínico levará a uma abordagem sobre o inconsciente.
O desenho como instrumento clínico não deve ser visto como uma expressão artística, que se atenha às questões de plasticidade. Mas, com o propósito de avaliação tendo o objetivo de colher informações sobre como uma pessoa vivencia a sua individualidade em relação aos outros, também para facilitar a projeção de elementos da personalidade e áreas de conflitos. Segundo Harris (1981), o desenho é útil para o estudo da personalidade ou como meio de diagnóstico na avaliação clínica, e se fundamenta na teoria na psicologia da imagem de si mesmo, assim como na teoria psicanalítica da projeção.
Dessa maneira, um desenho de uma figura humana, por exemplo, além de projetar uma imagem corporal, também projeta uma gama de informações relacionadas ao autoconceito, como: a imagem ideal do “eu” e as atitudes para com os outros. Consequentemente o desenho pode ser uma expressão consciente, mas pode também incluir símbolos disfarçados e fenômenos inconscientes.
Portanto, o desenho é um instrumento de linguagem autêntica, uma vez que capta conteúdos inconscientes, sem a intervenção de quem está desenhando. Porém, mesmo que a pessoa busque intuir que algo do seu interior, do seu eu, irá tornar-se conhecido, não terá controle sobre o que será exposto. Nesse ponto, Nasio (1993, p. 79) argumenta que “toda linguagem é uma linguagem exposta à emergência dos efeitos do inconsciente”.


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O desenho comunica por meio do inconsciente aquilo que, por cautela ou por autocensura, o seu autor não se permite verbalizar. Logo, tudo que o indivíduo diz, faz, escreve ou desenha é uma projeção do seu EU, ou então, são fragmentos de si mesmo. E até mesmo a recusa ou discurso de que não sabe desenhar, pode sugerir uma preocupação com a aparência do desenho, uma preocupação com a perfeição, mas, na realidade significa resistência, que é um mecanismo de defesa, o receio de se projetar. Segundo Van Kolck (1984, p.10), “casos de rejeição em graus diferentes de intensidade, a partir da negação a desenhar até o não complemento do desenho”.
A resistência é um ato aparentemente consciente, porém de origem inconsciente, é mais constante quando se trata de figura humana, pois entre os desenhos é o mais realizado. Essa resistência ou rejeição está associada ao nível de desajustamento do sujeito, uma vez que evidencia as dificuldades, as relações interpessoais e a consciência corporal, o que não acontece com outros tipos de desenhos como a casa ou árvore, embora estes também revelem muitas informações sobre o sujeito.
Van Kolck (1984) diz que além da projeção, outros mecanismos podem se manifestar, como: identificação e introjeção. No entanto, a expressão e adaptação são os dois processos que ocupam lugar de importância assim que o desenho é concretizado.
O mecanismo de expressão refere-se à análise do estilo característico da resposta que se mostra por meio gráfico da forma. Enquanto que a adaptação diz respeito à adequação à tarefa solicitada, e sua respectiva correspondência com a faixa etária, sexo e eventual patologia. Lembrando ainda que, o mecanismo de caráter projetivo verifica as situações e objetos que denotam conteúdo e maneira de tratar o tema.

O desenho, enquanto instrumento diagnóstico, e no caso em particular do desenho infantil, tem seu valor agregado ao entendimento sobre o canal de comunicação da criança e seu mundo exterior. Esse aspecto refere-se à análise e interpretação do desenho infantil, que além da análise do desenho em si, deve considerar outros fatores relacionados como à condição biográfica e familiar da criança. Além disso, deve-se levar em conta que um desenho é importante, mas não define tudo.
Através do desenho a criança expressa seus sentimentos e desejos, o que ajuda a sabercomo se sente a respeito da sua família e da sua escola. Assim, no desenho infantil podem-se observar detalhes que para uma pessoa adulta podem passar despercebido.
Alguns detalhes importantes fornecem pistas que servirão de base para interpretação como: posição do desenho, se na parte superior do papel que faz relação com o desejo de descobrir coisas novas. Quando na parte inferior do papel revela as necessidades físicas e materiais. Já do lado esquerdo indicando pensamento em torno do passado, enquanto do lado direito ao futuro. Se estiver situado no centro, representa o momento atual.
Quanto às dimensões do desenho os de formas grandes mostram segurança, enquanto os de formas pequenas indica que normalmente precisam de pouco espaço para se expressar. Podem inclusive sugerir uma criança reflexiva, ou até mesmo com falta de confiança.
Outro elemento diz respeito aos traços do desenho, o que segundo Van Kolck (1984, p.6): “Um traço gráfico isolado nada significa. Cada traço deve ser considerado em conexão com os demais e no contexto geral do desenho”. Observam-se os traços, se mostram-se contínuos e sem interrupções, denotam espírito dócil, enquanto o apagado, o falhado pode sugerir uma criança um pouco insegura e impulsiva.
Observa-se ainda a pressão exercida sobre a folha de papel; uma boa pressão indica entusiasmo e vontade. Quanto mais forte for a pressão, mais agressividade existirá; já uma pressão mais superficial demonstra falta de vontade ou fadiga física.
As cores também fornecem pistas importantes para interpretação do desenho. O amarelo representa a curiosidade e alegria de viver; o vermelho a vida, o ardor, o ativo;a cor laranja, a necessidade de contato social e público, impaciência;o marrom, a segurança e planejamento;o azul, a paz e a tranquilidade;o verde, maturidade, intuição e sensibilidade,o preto o inconsciente. Mas, é preciso atenção com o desenho de uma só cor, pode denotar preguiça ou falta de motivação.
É necessário acrescentar que cada criança é um mundo, assim como as regras de interpretação do desenho infantil. Que esses tipos de interpretação são apenas alguns caminhos as serem percorridos dentro do grande mundo do olhar e da linguagem infantil, por meio do desenho.
Pode-se concluir que o desenho na sua função de avaliação não pode se constituir numa tarefa simplória. Trata-se, não do deleitar ou rejeitar conforme o conforto ou incômodo da percepção. Mas, de ir além, traspassar para enxergar e atender uma necessidade comunicada através do desenho.
Fledson Sena




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