quarta-feira, 16 de novembro de 2011

PSICOMOTRICIDADE E EDUCAÇÃO

PSICOMOTRICIDADE

 Introdução

    Desde a sua concepção, o indivíduo adquire, ou aprende diversas funções motoras, as quais farão com que o organismo alcance sua maturidade. Por meio do seu próprio movimento, a criança desenvolve seus processos motores. Os movimentos surgem muitas vezes porque a criança tende a imitar os adultos que a rodeiam ou inspiram-se em outras crianças para executar suas provas práticas (DIEM,1980).

    A Educação Infantil é o primeiro e decisivo passo para se atingir a continuidade no ensino com produção e eficiência desejáveis, tendo como objetivo principal o desenvolvimento da atividade global que é caracterizado pelo prolongamento de experiências de movimentos básicos, facilitando a escolaridade da criança e incorporando-se diretamente em outras fases do desenvolvimento ao longo da vida (NANNI, 1998).

    Com o avanço da idade cronológica, a criança passa a ser integrante de mais um grupo social: a escola. O seu ingresso exige modificações e adaptações das estruturas afetivas, cognitivas, motoras e sociais.

    Para Gallahue e Ozmun (2002) o desenvolvimento motor sofre grande influência, do meio social e biológico, podendo sofre alterações durante seu processo. Sabe-se que a escola é um dos locais de oferta de espaço adequado para o desenvolvimento motor da criança, visto que o brincar significa o meio mais importante para as aprendizagens dos pequenos.

    O conhecimento das características motoras possibilita saber se as experiências recebidas nos diversos contextos são as necessárias para garantirem bom desenvolvimento da aprendizagem. O que se espera é que as crianças possam da melhor maneira possível, apresentar em cada período de vida uma boa qualidade de movimento (VASCONCELLOS, 1995). Para Oliveira (2001), para que haja contribuições nas habilidades motoras das crianças, é necessário um desenvolvimento adequado das mesmas sobre as aprendizagens dos escolares.

    Tendo em vista a curiosidade do homem no estudo do desenvolvimento motor, buscou-se por meio de uma breve discussão literária melhor entender e discutir as contribuições da educação física no que tange o desenvolvimento motor de crianças na educação infantil.

 Educação infantil

    Conforme a Lei de Diretrizes e Bases (LEI N°9394/96), em seu artigo 21, inciso I, a Educação Infantil compreende a primeira etapa da Educação Básica, a qual, integra o desenvolvimento da criança até os 6 anos de idade, sendo, um complemento da ação da família. Salienta-se que atualmente, a educação básica compreende as crianças com até os 5 anos de idade.

    Para Pereira (2002), um dos objetivos da educação infantil é o de ensinar a criança a observar fatos cuidadosamente, em especial, quando estes são contrários aos previstos por ela. Desenvolver habilidade de comunicação, também significa realizar ações, mas é preciso falar sobre elas, sistematizá-las por meio de narrativas das experiências.

    Na criança, ao contrário, o desenvolvimento decorrente da colaboração via imitação, que é a fonte do surgimento de todas as propriedades especificadamente humanas da consciência, o desenvolvimento decorrente da aprendizagem é o fato fundamental. Assim, o momento central para toda a psicologia da aprendizagem é a possibilidade de que a colaboração, se eleve a um grau superior de possibilidades intelectuais, por meio da imitação. Assim, se baseia toda a importância da aprendizagem para o desenvolvimento, visto que a imitação é que constrói o conteúdo do conceito de zona de desenvolvimento imediato (PEREIRA, 2002).

    Segundo Wallon (1975), em uma de suas teorias, o ser humano é biologicamente social, visto como totalidade considerando indissociáveis os aspectos emocionais, físicos e intelectuais.

    Na fase pré-escolar a prioridade é a atividade motora global, concentrando-se na necessidade fundamental de movimento, de investigação e de expressão (LE BOULCH, 1987).

    A riqueza de habilidades motoras da criança depende do desenvolvimento neuromuscular; contudo, a aprendizagem também exerce influência sobre certas habilidades motoras como falar, escrever, abotoar e amarrar os sapatos (HARROW, 1988).

    Para Vasconcellos (1995) a educação infantil tem um papel muito importante na formação da criança e, em especial, com relação à avaliação, pois é onde socialmente se tem hoje maior espaço de se fazer um trabalho mais democrático e significativo, em função das menores cobranças formais. A Educação Infantil não deve ceder às pressões das séries posteriores, uma vez que sua forma de avaliar representa o futuro do processo de avaliação de todo o sistema educacional, quando não haverá mal notas ou reprovações.

    As creches e/ou pré-escolas surgiram não só a partir de mudanças sociais que ocorreram na sociedade, mas, pela inclusão das mulheres ao trabalho assalariado, pela organização das famílias, pelo novo papel da criança na sociedade e de como torná-la, através da educação, um indivíduo produtivo e ajustado às exigências desse conjunto social (CRAIDY; KAERCHER, 2001).

    Pré-escolar é o termo universal, consagrado pela UNESCO, aceito por congressos e organizações nacionais e internacionais, o qual expressa o que antecede à escola como instituição formal de educação. E, por antítese, a idade do crescimento e desenvolvimento, não apenas físico, mas sobretudo psíquico, mental e emocional. Pré-escolar é o termo oficial para expressar a faixa etária de zero a cinco anos, independente de se dar ou não atendimento a essas crianças (FALKENBACH, 2002).
 Educação Física na educação infantil

    Os interesses da criança, até os três anos de idade, estão sobretudo concentrados no mundo exterior e, em especial sobre o aspecto prático do movimento (BATISTELLA, 2001).

    Como educação do movimento compreende-se a realização de atividades motoras que visam o desenvolvimento das habilidades (correr, saltar, saltitar, arremessar, empurrar, puxar, balançar, subir, descer, andar), da capacidade física (agilidade, destreza, velocidade, velocidade de reação) e das qualidades físicas (força, resistência muscular localizada, resistência aeróbica e resistência anaeróbica). Portanto a educação do movimento prioriza o aspecto motor na formação do educando. No ambiente educacional esse trabalho pode ser distribuído ao longo de todo período escolar, a ênfase, entretanto, ocorre nas séries finais do ensino fundamental quando as características psicológicas e fisiológicas dos alunos correspondem às especialidades desta proposta (MATTOS, 1999).

    Para a psicomotricidade o desenvolvimento psicomotor passa a ser pré-requisito de conteúdos cognitivos. Desloca-se a preocupação da educação do movimento para a educação pelo movimento (BRACH apud BATISTELLA, 2001).

    Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9394/96, em 22 de dezembro de 1996, em seu art.26 e inciso terceiro, onde se delineia novas perspectivas para a Educação Física, tal como:

    “A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”.

    Segundo Gallahue e Ozmun (2002), as capacidades de coordenação motora são à base de uma boa capacidade de aprendizagem sensório-motora. Quanto mais elevado for seu nível de desenvolvimento, mais rápido e mais seguramente poderão ser aprendidos movimentos novos ou difíceis, com uma economia de esforço, propiciando melhor orientação e precisão (PEREIRA, 2002).

    Estudiosos da educação defendem que as experiências motoras que se iniciam na infância são de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo, principal meio pelo qual a criança explora, relaciona e controla seu meio ambiente. O movimento se relaciona com o desenvolvimento cognitivo, no sentido de que a integração das sensações provenientes de movimentos resulta na percepção e toda aprendizagem simbólica posterior depende da organização destas percepções em forma de estruturas cognitivas.

    Por meio da exploração motora a criança desenvolve consciência do mundo que a cerca, e de si própria. O controle motor possibilita à criança experiências concretas, que servirão como base para a construção de noções básicas para o seu desenvolvimento intelectual (ROSA NETO, 2002).

    O movimento é reconhecido como sendo o objeto de estudo e aplicação da educação física. Seja qual for à área de atuação, a educação física trabalha com movimento e, pelo acima exposto, é inegável a sua contribuição ao desenvolvimento global do ser humano, desde que estes trabalhos sejam adequados (GOTANI et al., 1988).

    De acordo com Nanni (1998), os movimentos básicos, as habilidades fundamentais e especializadas quando desenvolvidas sob o aspecto “lúdico”, favorecem para a participação ativa da criança, aprendendo a liberar e expressar suas emoções pela exploração do movimento, do espaço e do tempo rítmico.

    Oferecer a criança oportunidade de mover-se, usando da sua criatividade, significa estabelecer experiências que propiciarão desenvolver habilidades motoras fundamentais por meio de padrões básicos de movimentos.

    Os professores de educação física não podem se limitar ao desenvolvimento de habilidades, já que devem ser conhecedores de que o corpo é uma totalidade (FALKENBACH, 2002), ele transmite e se comunica sem a necessidade das palavras.

    O que vai diferenciar a presença de um professor de Educação Física dos demais atendentes na Educação Infantil é a comunicação, a compreensão, a leitura, a interação e o envolvimento, a promoção da evolução da criança por intermédio das manifestações corporais, do movimento, do jogo e das atividades lúdicas. Essas capacidades são exercitadas pelos profissionais que, conscientes da importância das primeiras comunicações não verbais – através do tônus – entram em comunicação corporal com as crianças.

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